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Famílias mais pobres sofrem mais com subida da inflação


As famílias portuguesas com rendimentos mais baixos são aquelas que mais estão a sentir os efeitos da inflação. O último inquérito aos orçamentos familiares divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que quanto mais baixo é o rendimento do agregado familiar, maior é o peso no orçamento das despesas em classes de produtos onde, durante o último ano, os preços subiram mais.

(...) O cálculo efectuado mostra que os agregados com um rendimento médio anual por pessoa inferior a 5200 euros estão a sentir uma inflação homóloga de 3,6 por cento, ao passo que aqueles que têm um rendimento médio anual por pessoa superior a 31.200 euros se ficam por um valor de 3,1 por cento.

(...) Culpa dos bens essenciais


Este fenómeno ocorre porque, durante o último ano, os preços têm subido mais naqueles bens que, por serem essenciais, têm de ser forçosamente consumidos em quantidades quase iguais por todas as famílias, seja qual for o seu rendimento. As famílias mais pobres saem particularmente prejudicadas pelo facto de gastarem uma parte substancialmente superior do seu orçamento na compra de bens alimentares e nas despesas relacionadas com a habitação. É para estas duas classes que fica reservado logo 43 por cento do rendimento dos agregados que auferem anualmente menos de 5200 euros por pessoa. O problema é que, neste tipo de bens, tem-se registado, durante o último ano, uma subida de preços que fica acima da média da totalidade dos produtos. A inflação homóloga nos bens alimentares foi em Março de 3,6 por cento, enquanto na habitação - que inclui as despesas com electricidade, água e gás - este indicador chegou aos quatro por cento.

(...) É ainda de chamar a atenção para o facto de, dentro da classe de bens alimentares, as principais subidas de preços se darem em bens considerados essenciais e em que, em princípio, as famílias com rendimentos mais baixos gastam uma parte superior do seu orçamento, como o leite ou o pão.

(...) Mas existem ainda outras classes de bens que prejudicam de forma acentuada a população com menores rendimentos. Os gastos com a saúde, que exigem, no caso dos agregados mais pobres, oito por cento da despesa total, têm registado subidas de preços muito fortes nos doze últimos meses, com uma inflação homóloga de 4,3 por cento. A principal explicação está na subida das taxas moderadoras nos hospitais públicos decidida pelo Governo em Abril do ano passado.

(...) Com as famílias de menores rendimentos mais afectadas pela inflação, agravam-se ainda mais os problemas de desigualdade que têm vindo a acentuar-se nos últimos anos. O mesmo inquérito aos orçamentos familiares apresentado recentemente pelo INE veio revelar que a diferença de rendimentos entre os 10 por cento mais ricos e os 10 por cento mais pobres da população portuguesa agravou-se entre os anos 2000 e 2006.


Retirado hoje do DN.

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